O viés de negatividade na vida e no poker

Na psicologia, o viés da negatividade refere-se à tendência de se lembrar de más notícias e lembranças ruins mais do que as positivas devido à disposição natural das pessoas. Por ex: Para a maioria das pessoas, perder R$100 é mais impactante do que ganhar R$100.

Isso faz com que nós, jogadores de pôquer, e outros profissionais de qualquer área, coloquem mais peso nos seus resultados negativos. A capacidade de jogar de forma eficaz pode ser afetada se você tiver uma inclinação negativa ou pessimista. Os jogadores de poker que são suscetíveis ao viés de negatividade tendem a entrar em pânico, mudar suas decisões precipitadamente ou não agir. Assim como a maioria das pessoas, creio eu.

O viés de negatividade se estende além do impacto emocional momentâneo e também se reflete em nossas memórias de longo prazo. Como resultado, podemos recordar memórias ruins do passado com mais facilidade do que boas. Além disso, as pessoas superestimam consistentemente a frequência de eventos ruins em comparação com eventos bons quando solicitadas a estimar sua frequência.

Como disse Mike Caro, americano profissional de poker: “Todos os perdedores exageram porque querem que você saiba o quanto eles se sentem mal”.

Viés de negatividade no poker

Sem surpresa, o efeito da negatividade tem um impacto significativo no nosso desempenho, pois é um dos aspectos mais poderosos da psicologia humana.

O fato de alguém poder reagir negativamente a eventos negativos não é estranho, embora seja importante lembrar que eventos negativos tendem a desencadear uma reação mais forte do que os positivos.

Um importante viés cognitivo associado ao viés da negatividade é a aversão à perda, que explica psicologicamente por que perder dói duas vezes mais do que ganhar a mesma quantia de dinheiro.

O viés de negatividade no poker e na vida, afeta nossa aversão ao risco. É difícil de aceitar, mas resultados ruins são uma parte inevitável e natural do jogo. É ainda mais difícil digerir os resultados ruins para seguir em frente e alcançar o sucesso. Quando você permite que emoções te conduzam, é mais provável que você tome decisões irracionais.

Por exemplo (no poker), um jogador cujos blefes foram pagos algumas vezes durante uma sessão pode sentir que está sendo destruído e então começar a blefar bem menos, perdendo assim muito valor. Comparando com a vida, é bem parecido. Quando fazemos algo certo e aquele algo dá errado, tendemos a não nos “aventurarmos” mais em situações semelhantes.

Ou, em um nível mais amplo, um jogador inexperiente pode associar uma determinada mão a maus resultados (ou pior ainda, a má sorte) devido a uma curta sequência de perdas que sofreu ao jogá-la. Como resultado, eles podem evitar jogar a mão e perder oportunidades lucrativas.

Um guia simples para aqueles dias ‘negativos’

Seja no poker ou na vida, coisas ruins VÃO acontecer e não é uma questão de “SE”, mas de “QUANDO”. E as coisas ruins geralmente vêm com impulso quando ocorrem. Não é porque coisas ruins acontecem aos montes mas, por causa do viés de negatividade, inconscientemente procuramos mais experiências ruins em qualquer lugar depois de uma experiência ruim.

Você já se pegou pensando: “Droga, ninguém desiste diante dos meus blefes hoje” ou “Eles sempre acertam” ou ainda “Sabia que se fizesse isso ia dar errado”? Somos humanos e todos experimentamos o viés da negatividade. No poker acho que não há jogador de que seja completamente imune a isso.

Como evitar viés de negatividade

O primeiro passo para evitar viés de negatividade é entender o viés e reconhecer como isso afeta seu pensamento e tomada de decisão.

Um livro que tem me ajudado bastante a lidar com isso é “O Andar do Bêbado”, do físico e matemático Leonard Mlodinow . Um livro que fala sobre como não estamos preparados para lidar com o aleatório e por isso não percebemos como o acaso interfere em nossas vidas.

Recomendo MUITO a leitura e você pode comprar ele AQUI:

Depois de obter uma compreensão geral, o seguinte pode ajudá-lo:

Atenção plena

Com base na pesquisa de Kiken e Shook de 2011, a respiração consciente demonstrou aumentar os julgamentos positivos nos participantes e envolver níveis mais altos de otimismo. Os participantes do estudo que praticaram a respiração consciente pontuaram mais nos testes em que tiveram que categorizar os estímulos positivos. A conclusão da pesquisa foi que praticar mindfulness tem um impacto positivo no viés de negatividade.

Exercício rápido:

Depois de um dia ruim ou de uma sessão de poker tenebrosa, passe algum tempo sozinho. Isso o ajudará a colocar as coisas em perspectiva e a reorientar sua atenção para o que é importante.

Olhe para dentro e enfrente seus desconfortos. A dor e a perspectiva negativa geralmente são o resultado de uma história que se passa em sua cabeça. Observe a história. É irrelevante se a história é real ou não. Apenas observe. Há ondas desses pensamentos e quanto mais você ficar repetindo essa história, mais miserável você se sentirá.

Agora, volte sua atenção para o momento presente e esteja disposto a sentir e aceitar tudo, em vez de evitar ou odiar o que passou. Lembre-se, sua mente sempre tentará fugir do desconforto e da dor. Embora essa seja uma boa estratégia para evitar temporariamente lidar com as dificuldades, você nunca aprenderá a lidar com o que está dentro de você e com o que está à sua frente.

Deixe sua mente explorar todas as dores e desconfortos e pare de tentar evitá-los. Enfrente-os! Enfrente seus medos, desconfortos e dificuldades no momento presente. Não a história que você está repetindo em sua cabeça, mas as sensações físicas que você está experimentando em seu corpo agora.

Quão ruins são esses sentimentos? Você verá que não é grande coisa. Certifique-se de ficar com eles por um tempo. Quando você fizer isso, sua perspectiva negativa vai sumir e seu sentimento de miséria diminuirá drasticamente.

É claro que esse exercício não resolverá todos os seus problemas, mas posso me arriscar a dizer que, à medida que você melhorar, será capaz de lidar com muitos outros que virão. Ao invés de fugir dos desconfortos, você aprenderá a lidar com eles. Com prática, não da noite para o dia.

Eu também tô nessa caminhada. Sempre tentando e testando coisas novas! Bora?!